01 setembro 2007

A viagem do menino


















o menino sempre soube o que é bom
desde semente fez o que devia fazer
descendo bem serelepe em sua bike
ouvindo aquele big som do Skank

o menino foi feito pra isso, é seu dom
azeitar a infância pra encontrar com ela
não precisou procurar muito, não
quase a atropela de tanta alegria

pena que ela seja tão confusa
fez-se demente no afã de crescer
não está pra brincadeira moleque
é tão séria que o menino acha graça

o que será que ela quis dizer, parafusa
sai pedalando e abanando os ombros
a vida é boa pra quem sabe assoviar
ela ainda vai querer sentar na sua garupa


[Ilustração de Majane Silveira]

Gonfotérios na Paulista

quando os helicópteros tomarem os céus
de assalto e não houver espaço para mais arranha-céus
arranharem a nervura dos pés de Júpiter

sairei pela Paulista nu e mijarei na vitrine de todas
as lojas de roupas masculinas

quando Hollywood invadir a tela
de meu micro e não houver mais tempo para que o ouvido
escute o soar das libélulas em cópula

me tornarei um vírus paraguaio e sedento a infectar
jovens virgens e sardentas

quando tudo que criamos der em nada
e meus sonhos mais malucos couberem num grão de chip Made in India

vestirei minha máscara de gonfotério e sairei
por aí a procurar alfaces cultivados em bacias d’água

tudo isso farei ao som de um mantra tão exótico
que a solidão dos seres vibrará em uníssono supersônico
e arrasará o que ainda restar de escombros e sonidos