feito intrépido pintor
a perseguir a essência
de tua visagem busco-te
fêmea magistral
nas sinuosas curvas
do tempo perco-me
e reencontro-me
para passar mais uma
miragem a sussurrar no vento
ancestral Amor, Amor, Amor...
05 setembro 2007
Miragem
04 setembro 2007
Linguagem
outeiro criado de acúmulos
tegumentos enrijecidos
essências exteriorizadas
depósito antiqüíssimo de
coisas que não deterioram
plástico cheio de esperma
restos que não evaporam
interiores de madrepérola
coisas não transformadas em
objetos de adorno
palavras não específicas
lamelibrânquios lâmina
branca de sentidos
forno onde se calcina
a cal da memória
fábrica de desmundos
mijos de civilizações
sambaquis
tudo que o tempo não
esquece nem se envaidece
kjokkenmodding
tegumentos enrijecidos
essências exteriorizadas
depósito antiqüíssimo de
coisas que não deterioram
plástico cheio de esperma
restos que não evaporam
interiores de madrepérola
coisas não transformadas em
objetos de adorno
palavras não específicas
lamelibrânquios lâmina
branca de sentidos
forno onde se calcina
a cal da memória
fábrica de desmundos
mijos de civilizações
sambaquis
tudo que o tempo não
esquece nem se envaidece
kjokkenmodding
Ilustração: Majane Silveira
03 setembro 2007
Sinal verde
tantos anos se arrastaram
já não me lembro de minha infância
será que a tive, ou foi um sonho?
tudo se resume a uma noite
noite de escolha e enfrentamento
ali, me fiz na solidão azul
do nascimento
“se não quer ir ao culto
que fique aí, sozinho!”
fiquei ali, e ainda estou...
em casa escura e sobressaltada
por sombras e faróis relampejando
abandonado de deuses e de afetos
não dormi, como não durmo agora
não fugi, como nem posso embora
ali, a vontade de meu eu se impôs
minha porção de dor se amarelou
já não me lembro de minha infância
será que a tive, ou foi um sonho?
tudo se resume a uma noite
noite de escolha e enfrentamento
ali, me fiz na solidão azul
do nascimento
“se não quer ir ao culto
que fique aí, sozinho!”
fiquei ali, e ainda estou...
em casa escura e sobressaltada
por sombras e faróis relampejando
abandonado de deuses e de afetos
não dormi, como não durmo agora
não fugi, como nem posso embora
ali, a vontade de meu eu se impôs
minha porção de dor se amarelou
permaneci na infinitude do possível
e assim abraço o totem
de vida que sutil me resta
na contingente luz verde que se revela
aceito humilde e resignado
o gentil açoite da morte que me espera.
Ilustração: Majane Silveira
02 setembro 2007
01 setembro 2007
A viagem do menino
o menino sempre soube o que é bom
desde semente fez o que devia fazer
descendo bem serelepe em sua bike
ouvindo aquele big som do Skank
o menino foi feito pra isso, é seu dom
azeitar a infância pra encontrar com ela
não precisou procurar muito, não
quase a atropela de tanta alegria
pena que ela seja tão confusa
fez-se demente no afã de crescer
não está pra brincadeira moleque
é tão séria que o menino acha graça
o que será que ela quis dizer, parafusa
sai pedalando e abanando os ombros
a vida é boa pra quem sabe assoviar
ela ainda vai querer sentar na sua garupa
[Ilustração de Majane Silveira]
Gonfotérios na Paulista
quando os helicópteros tomarem os céus
de assalto e não houver espaço para mais arranha-céus
arranharem a nervura dos pés de Júpiter
sairei pela Paulista nu e mijarei na vitrine de todas
as lojas de roupas masculinas
quando Hollywood invadir a tela
de meu micro e não houver mais tempo para que o ouvido
escute o soar das libélulas em cópula
me tornarei um vírus paraguaio e sedento a infectar
jovens virgens e sardentas
quando tudo que criamos der em nada
e meus sonhos mais malucos couberem num grão de chip Made in India
vestirei minha máscara de gonfotério e sairei
por aí a procurar alfaces cultivados em bacias d’água
tudo isso farei ao som de um mantra tão exótico
que a solidão dos seres vibrará em uníssono supersônico
e arrasará o que ainda restar de escombros e sonidos
de assalto e não houver espaço para mais arranha-céus
arranharem a nervura dos pés de Júpiter
sairei pela Paulista nu e mijarei na vitrine de todas
as lojas de roupas masculinas
quando Hollywood invadir a tela
de meu micro e não houver mais tempo para que o ouvido
escute o soar das libélulas em cópula
me tornarei um vírus paraguaio e sedento a infectar
jovens virgens e sardentas
quando tudo que criamos der em nada
e meus sonhos mais malucos couberem num grão de chip Made in India
vestirei minha máscara de gonfotério e sairei
por aí a procurar alfaces cultivados em bacias d’água
tudo isso farei ao som de um mantra tão exótico
que a solidão dos seres vibrará em uníssono supersônico
e arrasará o que ainda restar de escombros e sonidos
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