05 julho 2020

TARTARUGA CAOLHA E O TRONCO FLUTUANTE






















[a propósito de uma parábola budista]


para se traçar um simples gesto
não basta armar-se de vontade
a luz mente e na direita está o sestro

é preciso saber esquecer a própria idade
pois nas profundezas de um mar escuro
até o sândalo não conduz à claridade

pode-se viver por muito tempo obscuro
tateando diante de si o tal anseio
feito criança na noite inseguro

a almejar o tão amado enleio
sem nenhum ontem em círculo vazio
ou amanhã que traga algum esteio

pode-se esperar milanos o tronco arredio
e súbito vê-lo passar com enganosa visão
ou tentar alcançá-lo feito gato no cio

como um quelônio sôfrego a exaustão
a deparar-se com mais um logro desvario
o sândalo na onda indo noutra direção.












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