30 setembro 2020

EM PRIPYAT

 











      para Márcio-André



Enquanto o sol irradia

e a manhã nos impulsiona

sôfregos à procura

da paz

da plenitude da vida

da realização efetiva

de uma recepção ideal.

 

Um poeta revisita

corajoso

o lugar mais pacífico

do mundo

- sim, Freud, um poeta

sempre chega antes.

 

Com sua poesia,

em voz alta,

contamina o silêncio

petrificado – quase

absoluto - do local

radioativo.

 

Lá, a paz se fez

plena.

Lá, tudo conspira

a uma digna exaltação

da vida.


O poeta constata

com inapta resignação

que o coração humano

é realmente mais complexo

do que a fissão 

de um átomo.


 



[Foto da abandonada Pripyat, cidade fantasma do norte da Ucrânia. Ela ficava bem próxima à central nuclear de Chernobil, onde ocorreu o maior acidente nuclear da história]













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