para Márcio-André
Enquanto o sol irradia
e a manhã nos impulsiona
sôfregos à procura
da paz
da plenitude da vida
da realização efetiva
de uma recepção ideal.
Um poeta revisita
corajoso
o lugar mais pacífico
do mundo
- sim, Freud, um poeta
sempre chega antes.
Com sua poesia,
em voz alta,
contamina o silêncio
petrificado – quase
absoluto - do local
radioativo.
Lá, a paz se fez
plena.
Lá, tudo conspira
a uma digna exaltação
da vida.
O poeta constata
com inapta resignação
que o coração humano
é realmente mais complexo
do que a fissão
de um átomo.
[Foto da abandonada Pripyat,
cidade fantasma do norte da Ucrânia. Ela ficava bem próxima à central nuclear
de Chernobil, onde ocorreu o maior acidente nuclear da história]