11 maio 2020

SANTOS






















navios continuam a entrar e a sair de seu porto.
na cidade, alguns prédios se portam como bêbados
a pisar em areia movediça.
os fantasmas do centro exalam um aroma denso de café.
a música de Gilberto Mendes ecoa
no megafone do tempo.
a livraria Realejo continua lotada aos sábados
e a poesia de Marcelo Ariel eternizou
a memória fumegante de Vila Socó.
o técnico do time da cidade fala hoje
um português castiço
e o mar continua a envolver a tudo por igual.
o quebrar das ondas à noite
ainda nos revela o estrondo original 
do Big Bang.
quantos já prestaram atenção ao rumor 
que reverbera a caixa acústica da alma?
aquela longínqua esperança que sobrevém
de um horizonte em total escuridão.
o desaguar da pororoca branca na areia.
o grito de gol 
em uma nostálgica e iluminada Vila Belmiro.



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