20 abril 2009
Paulo de Toledo à queima-roupa
1) O que é poesia para você?
Poesia é a arte de transformar signos simbólicos em signos icônicos (sempre no sentido peirceano).
2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?
O novel deve tentar descobrir as características que tornam os melhores poetas melhores do que os não-melhores-poetas. Depois de descobertas essas características, ele deve tentar descobrir uma forma de incorporar essas características de maneira a parecer que essas características sejam exclusivas dele. De que maneira? Não sei. Ainda estou tentando descobrir.
3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?
Os poetas e livros citados a seguir referem-se àqueles que serviram de base para a minha formação.
Os poetas: Fernando Pessoa, e. e. cummings e Augusto de Campos.
O Pessoa foi o poeta que primeiro causou em mim o deslumbramento poético. Quando li pela primeira vez coisas como o poema “Aniversário”, só consegui pensar em virar poeta.
Já em cummings e Augusto, encontrei um aspecto lúdico que tem muito a ver com o meu temperamento e biografia. Pra quem foi alfabetizado lendo gibis da Marvel, as Letras devem necessariamente ter cor, sabor, movimento etc. O preto no branco nem sempre dá conta do que rola na cabeça e no coração.
Os textos: ABC da Literatura (Ezra Pound), Understanding Media (Marshall McLuhan) e Semiótica e Literatura (Décio Pignatari).
Só quando descobri o ABC, é que comecei realmente minha alfabetização literária. A lição poundiana me possibilitou ter uma atitude crítica com relação a todo e qualquer paideuma — ou coisa que o valha—, inclusive aquele elaborado pelo magnífico autor dos Cantares.
McLuhan me revelou as engrenagens das coisas. Ler Marshall McLuhan foi como ingressar numa escola de relojoaria. Com ele, pude entender melhor as especificidades da literatura em relação às outras formas de arte. E, principalmente, pude compreender melhor a diferença entre poesia e prosa, entre poesia oralizada e poesia escrita, entre som e letra.
Semiótica e Literatura foi um dos livros mais importantes da minha vida. Posso dizer que ele, juntamente com a leitura posterior dos escritos peirceanos, foi o hardware que permitiu que eu pudesse “rodar” todos os softwares artísticos e poéticos com que me deparei vida afora.
PAULO DE TOLEDO (Santos/SP, 1970) é poeta. Publicou 51 Mendicantos (Ed. Éblis, 2007, Porto Alegre). Venceu o V Projeto Nascente (USP/Ed. Abril). Tem poemas, contos, traduções e ensaios em vários sites de arte e literatura e nas revistas Babel, Sítio, Coyote, Cult e nos jornais Augusto, Casulo e Correio das Artes. Participou da edição crítica de "Catatau" (ed. Travessa dos Editores), obra de Paulo Leminski. Alimenta um blog de estimação: http://paulodtoledo.blog.uol.com.br E-mail: paulodtoledo@uol.com.br
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Não me leve a mal, mas essa definição de poesia quase me faz desistir de escrever. Rs.
ResponderExcluirQuase...
concordo com o Tião.
ResponderExcluirque definição brochante.
rs...
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