08 setembro 2020

REI

 











A melhor coisa do futebol

não é o gol.

Nem o gole que você toma

antes, durante ou depois.

 

Não é o seu time

com aquele hino sem tino.

Nem o meu

e suas estrelas sem brilho.

 

A melhor coisa do futebol

poderia ser a torcida,

seus cantos e urros.

Não fossem as organizadas

com seus hooligans

dando patadas feito burros.

 

E os jogadores com seus ritos,

seus pulinhos e cabelos

esquisitos?

Só perdem para os juízes

e seus horríveis modelitos.

 

Também não é o goleiro

em seu lance rasteiro

à procura da redonda,

sua eterna Gioconda.

 

A melhor coisa do futebol

é o drible, o olé.

É nele que reside o pois é,

a poiésis, a techné.

 

Melhor que isso tudo

só Ele, em caixa alta.

Melhor que a perfeição,

que a magia do ludo.

 

O ser talhado em ébano,

envolto em glória,

gingando pelos gramados

de minha memória.

 

Não ouso dizer seu nome,

seu Nascimento,

seu pedigree.

 

Apenas o trago guardado,

estampado nos álbuns.

Nas coleções

que nunca concluí.










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