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15 agosto 2011

Noite Indiana



                                          [Edgar Silva, Marcus Santurys, Edson Cruz e Saphyra]

A noite foi inspirada. Noite de lua cheia. Noite onde Ganesha conduziu as energias. Quem não foi perdeu uma celebração. Confira alguns textos e algumas imagens....


Basavana (1106-67 a.C.)

do meu corpo um alaúde
da minha cabeça a caixa
de meus dedos faz tarraxa   
meus nervos sejam fios

então pega e me toca    
toca em mim
tuas (uma duas três quatro cinco) trinta e duas canções
senhor dos entrerrios

[Tradução: Paulo Leminski]

 

3.
A tortuosidade da cobra
é reta para a sua cova.

A tortuosidade do rio
é reta para o mar.

A tortuosidade do servidor do Senhor
é reta bastante para o meu Senhor.

[Tradução: Décio Pignatari]


Rabindranath Tagore (1861 – 1941)

[Trechos de Gitanjali – tradução: Ivo Storniolo]


O que oferecerás à Morte, quando ela bater à tua porta?

Vou oferecer à minha hóspede a taça cheia da minha vida. Não deixarei que ela vá embora de mãos vazias.

Colocarei diante dela a suave colheita de todos os meus dias de outono e de todas as minhas noites de verão. No fim dos meus dias, quando ela bater à minha porta, vou entregar-lhe tudo o que ganhei e tudo o que recolhi com o árduo trabalho da minha vida.


[Edgar, Saphyra, Marcus e Edson]

                                                          Fotos by Sylvia Caringi

31 julho 2011

Noite Indiana no Centro Cultural Vergueiro




13 de agosto de 2011

Sábado
das 19h às 20h30
Sala Adoniran Barbosa
entrada franca


Poesia dos 4 Cantos é uma atividade mensal dedicada à divulgação da poesia internacional, num formato que inclui a leitura de poemas na língua original e em tradução, com danças e músicas típicas de cada país, nos intervalos das leituras. No mês de agosto teremos uma Noite Indiana com a participação do poeta Edson Cruz, dos músicos Marcus Santurys e Edgar Silva, do Grupo Natyalaya, com Iara Ananda Romano, Saphyra da Escola de Danças e da VJ Scaringi (projeção). A biblioteca do Centro Cultural São Paulo também realiza nesta semana uma exposição temática de livros de literatura indiana, que poderão ser consultados ou retirados pelos interessados.


Ficha técnica:

Coordenação e leituras: Edson Cruz, poeta e editor
Música: Marcus Santurys (sitarista) e Edgar Silva (tablas indianas)
Dança: Grupo Natyalaya: Iara Ananda Romano
Saphyra Escola de Danças: Saphyra
VJ: Scaringi


A tradição literária indiana é principalmente poética e essencialmente oral. Além disso, é necessário ressaltar que a literatura indiana, assim como toda a cultura indiana, foi sendo construída de forma híbrida, resultante de suas tradições internas, do sânscrito, dos textos budistas e jainistas escritos em pali, dos dialetos medievais e, posteriormente, das influências externas exercidas pelos povos colonizadores e alóctones. As obras literárias mais antigas da Índia são os Vedas, conjunto de textos religiosos escritos em sânscrito, que remontam a 2.000 a. C. As grandes epopéias, o Mahabharata, de Vyasa, o Ramáyana, de Valmiki e as narrativas mitológicas, ou Puranas, datam dos séculos VI a.C. a IV d.C. Na dinastia Gupta, floresceram a poesia e o teatro clássico; a esse período pertence o Kama-sutra. Além do sânscrito, usado nas obras hindus e budistas, a literatura indiana fez uso dos dialetos urdu, bengali, tamil, entre outros. No século XVI, sob domínio muçulmano, atuou o poeta sufi Kabir (1440-1518). Após a conquista britânica, a Índia se abriu à influência ocidental. Nos dois últimos séculos, a literatura indiana foi registrada nas principais quinze línguas do país, incluindo o inglês e o bengali, esta última oferecendo uma das literaturas mais ricas da India. Dos autores modernos, destacam-se Madhusudan (1824-1873) e Rabindranath Tagore (1861-1941), que recebeu o Prêmio Nobel em 1913. Dos autores mais recentes, convém citar V. S. Naipul (1932) e Rushdie (1947). É um pouco da diversidade e riqueza dessa literatura de tantos matizes que nos propusemos a mostrar nesta Noite Indiana, embalados por suas músicas recheadas de microtons e de suas danças de movimentos sutis e delicados.