quando os helicópteros tomarem os céus
de assalto e não houver espaço
para mais arranha-céus
arranharem a nervura dos pés de
Júpiter
sairei pela Paulista nu e
mijarei na vitrine de todas
as lojas de roupas masculinas.
quando Hollywood invadir a tela
de meu micro e não houver mais
tempo para que o ouvido
escute o soar das libélulas em
cópula
me tornarei um vírus paraguaio e
sedento a infectar
jovens virgens e sardentas.
quando tudo que criamos der em
nada
e meus sonhos mais malucos
couberem num grão
de chip Made in India
vestirei minha máscara de
gonfotério e sairei
por aí a procurar alfaces
cultivados em bacias d’água.
tudo isso farei ao som de um
mantra tão exótico
que a solidão dos seres vibrará
em uníssono supersônico
e arrasará o que ainda restar de
escombros e sonidos.