sem
linguagem nada se mostra
ao ser.
ao
calar-se, Wittgenstein falou
com a
eloquência rara
dos
tagarelas
e das
paisagens sem vento.
o
silêncio só é possível
na
morte.
mesmo
assim ele ulula
cão sem
dono
entregue
à própria sorte.
sem
linguagem nada se mostra
ao ser.
ao
calar-se, Wittgenstein falou
com a
eloquência rara
dos
tagarelas
e das
paisagens sem vento.
o
silêncio só é possível
na
morte.
mesmo
assim ele ulula
cão sem
dono
entregue
à própria sorte.
A
melhor coisa do futebol
não
é o gol.
Nem
o gole que você toma
antes,
durante ou depois.
Não
é o seu time
com
aquele hino sem tino.
Nem
o meu
e
suas estrelas sem brilho.
A
melhor coisa do futebol
poderia
ser a torcida,
seus
cantos e urros.
Não
fossem as organizadas
com
seus hooligans
dando
patadas feito burros.
E
os jogadores com seus ritos,
seus
pulinhos e cabelos
esquisitos?
Só
perdem para os juízes
e
seus horríveis modelitos.
Também
não é o goleiro
em
seu lance rasteiro
à
procura da redonda,
sua
eterna Gioconda.
A
melhor coisa do futebol
é
o drible, o olé.
É
nele que reside o pois é,
a poiésis, a techné.
Melhor
que isso tudo
só
Ele, em caixa alta.
Melhor
que a perfeição,
que
a magia do ludo.
O
ser talhado em ébano,
envolto
em glória,
gingando
pelos gramados
de
minha memória.
Não
ouso dizer seu nome,
seu
Nascimento,
seu
pedigree.
Apenas
o trago guardado,
estampado
nos álbuns.
Nas
coleções
que
nunca concluí.
Tudo é
escrita,
mesmo a
palavra
não dita.
Tudo é fábula,
mesmo o
enredo
sem
fadas.
Viver é
lavra
em uma
ficção
inaudita.
Boi,
catamênio,
chica, chico, conjunção,
costume, embaraço, escorrência, fluxo,
incômodo, lua, menarquia,
menorreia, mênstruo,
mês, paquete, pingadeira,
sangue, veículo,
visita,
volta da lua.
Quando
ela se viu grávida,
as regras já estavam sem sinonímia.
Geometrias
rasuradas
nos gramados
da memória.
Uma
coruja sobre
um ângulo reto.
O gol vazio e quieto.
A busca
principia
e se
finda no coração.
Na longa
jornada
dia a
dia se oficia.
No limite,
nos brinda
com a
iluminação.
O ser na
aurora do dia.
A dança
das imagens entre as palavras.
A viagem
de volta ao desconhecido.
Aquilo
que concerne ao cerne do ser.
A
linguagem dos pássaros sem voz.
A
hesitação sem a redenção do êxito.
O
enunciado do ser travestido em vocábulos.
A ordem
do ente na desordem dos seres.
Emoção
recuperada no deserto da história.
A ação e
o efeito de fingir-se sendo.
Parcas
arrependidas uivando pela vida.
Desígnio
de deuses esquecidos.
A pureza
selvagem do espúrio.
Tudo o
que se perde com a conceituação.
Névoa no
campo-santo.
Os que
se despedem
dos que
partem
quanto
tempo ainda
viverão?
[lendo o
Diálogo entre um Venerável e um Homem Não Iluminado do buda Nichiren
Daishonin, séc. 13]
Não me
venha com essa
de que o
tempo passa
depressa.
A beleza
não tem pressa,
ela
súbito graça
e
aparece.
no
começo foi a roda
uma, duas, três e quatro
virou carro, virou moda
e viralizou em cova.
****
carro
caro
car
ar
a...
...
...
cadê
o ar?
um coro
de virgens
em
uníssono:
só aqueles
que mantêm
completa
inocência
podem gozar
o fogo
sagrado de
meu altar.
que
venham Bispos
do Rosário
em
cardumes.