30 agosto 2011

Palavra Inquieta - Melancolia



       [gravado por Leo Gonçalves, para o programa Palavra Inquieta]


A criação de Homero.

A eloquência ágrafa

de Sócrates.

Os desenhos de Leonardo.

As suítes sublimes de Bach.

Os píncaros de Beethoven

e seus quartetos de cordas.

O spleen e seus poetas visionários.

A viagem babélica de Joyce.

Os múltiplos sentires de Pessoa.

O Grande Sertão de Guimarães.

O último filme de von Trier.

Não significam nada.



Neste instante

uma criança esquálida

morre de fome

aqui,

ou em algum canto ali

de nossa ressequida

África.

25 agosto 2011

O valor da crítica - Debate







O Itaú Cultural realizou o III Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural - pRINCÍPIOS iNCONSTANTES (p//i). Nesta mesa, o tema é a crise da crítica em um cenário de produção intensa e novos processos de validação derivados dos meios digitais. Participam Luís Antônio Giron (Revista Época), Fabio Malini (Ufes) e Stuart Stubbs (Loud and Quiet). A mediação é de Jeder Janotti (Ufal).

22 agosto 2011

Quartos Habitáveis de Flávia Rocha























Confira dois poemas do livro a ser lançado:


ATEMPORAL

No espaço das formas inconstantes,
o vazio preenche eternidades distintas—

um morrer de uma coisa que já não existe
para que outra tome o seu lugar

fora do tempo— explosão da célula sutil
que nos difere de todas as coisas.



TANKA
Dez mil folhas

I.

Nas noites quentes
adulterar as formas
e as texturas,
esquecer atrás de si
as reminiscências.


II.

Ir para longe
dos quartos sob a lua,
e se extraviar
entre as coisas leves
e sem indiferença.


III.

As dez mil folhas
espalhadas pelo chão   
nunca escondem
passos que se afastam
da estrada possível.




Flávia Rocha nasceu em São Paulo em 1974. Jornalista, trabalhou nas redações das revistas Bravo!, República e Carta Capital, e  Casa Vogue, entre outras publicações. É autora do livro de poemas A Casa Azul ao Meio-dia (Travessa dos Editores, 2005). Tem mestrado em Criação Literária pela Columbia University e é uma das editoras da revista literária americana Rattapallax. Editou antologias de poesia brasileira para as revistas Rattapallax (EUA), Poetry Wales (País de Gales) e Papertiger (Austrália). Fundou, com Steven Richter, a Academia Internacional de Cinema, onde desenvolveu o curso de Criação Literária coordenado pela escritora Veronica Stigger.



15 agosto 2011

Noite Indiana



                                          [Edgar Silva, Marcus Santurys, Edson Cruz e Saphyra]

A noite foi inspirada. Noite de lua cheia. Noite onde Ganesha conduziu as energias. Quem não foi perdeu uma celebração. Confira alguns textos e algumas imagens....


Basavana (1106-67 a.C.)

do meu corpo um alaúde
da minha cabeça a caixa
de meus dedos faz tarraxa   
meus nervos sejam fios

então pega e me toca    
toca em mim
tuas (uma duas três quatro cinco) trinta e duas canções
senhor dos entrerrios

[Tradução: Paulo Leminski]

 

3.
A tortuosidade da cobra
é reta para a sua cova.

A tortuosidade do rio
é reta para o mar.

A tortuosidade do servidor do Senhor
é reta bastante para o meu Senhor.

[Tradução: Décio Pignatari]


Rabindranath Tagore (1861 – 1941)

[Trechos de Gitanjali – tradução: Ivo Storniolo]


O que oferecerás à Morte, quando ela bater à tua porta?

Vou oferecer à minha hóspede a taça cheia da minha vida. Não deixarei que ela vá embora de mãos vazias.

Colocarei diante dela a suave colheita de todos os meus dias de outono e de todas as minhas noites de verão. No fim dos meus dias, quando ela bater à minha porta, vou entregar-lhe tudo o que ganhei e tudo o que recolhi com o árduo trabalho da minha vida.


[Edgar, Saphyra, Marcus e Edson]

                                                          Fotos by Sylvia Caringi

05 agosto 2011

  Melancolia

A criação de Homero.
A eloquência ágrafa
de Sócrates.
Os desenhos de Leonardo.
As suítes sublimes de Bach.
Os píncaros de Beethoven
e seus quartetos de cordas.
O spleen e seus poetas visionários.
A viagem babélica de Joyce.
Os múltiplos sentires de Pessoa.
O Grande Sertão de Guimarães.
O último filme de von Trier.
Não significam nada.

Neste instante
uma criança esquálida
morre de fome
aqui,
ou em algum canto ali
de nossa ressequida
África.


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31 julho 2011

Noite Indiana no Centro Cultural Vergueiro




13 de agosto de 2011

Sábado
das 19h às 20h30
Sala Adoniran Barbosa
entrada franca


Poesia dos 4 Cantos é uma atividade mensal dedicada à divulgação da poesia internacional, num formato que inclui a leitura de poemas na língua original e em tradução, com danças e músicas típicas de cada país, nos intervalos das leituras. No mês de agosto teremos uma Noite Indiana com a participação do poeta Edson Cruz, dos músicos Marcus Santurys e Edgar Silva, do Grupo Natyalaya, com Iara Ananda Romano, Saphyra da Escola de Danças e da VJ Scaringi (projeção). A biblioteca do Centro Cultural São Paulo também realiza nesta semana uma exposição temática de livros de literatura indiana, que poderão ser consultados ou retirados pelos interessados.


Ficha técnica:

Coordenação e leituras: Edson Cruz, poeta e editor
Música: Marcus Santurys (sitarista) e Edgar Silva (tablas indianas)
Dança: Grupo Natyalaya: Iara Ananda Romano
Saphyra Escola de Danças: Saphyra
VJ: Scaringi


A tradição literária indiana é principalmente poética e essencialmente oral. Além disso, é necessário ressaltar que a literatura indiana, assim como toda a cultura indiana, foi sendo construída de forma híbrida, resultante de suas tradições internas, do sânscrito, dos textos budistas e jainistas escritos em pali, dos dialetos medievais e, posteriormente, das influências externas exercidas pelos povos colonizadores e alóctones. As obras literárias mais antigas da Índia são os Vedas, conjunto de textos religiosos escritos em sânscrito, que remontam a 2.000 a. C. As grandes epopéias, o Mahabharata, de Vyasa, o Ramáyana, de Valmiki e as narrativas mitológicas, ou Puranas, datam dos séculos VI a.C. a IV d.C. Na dinastia Gupta, floresceram a poesia e o teatro clássico; a esse período pertence o Kama-sutra. Além do sânscrito, usado nas obras hindus e budistas, a literatura indiana fez uso dos dialetos urdu, bengali, tamil, entre outros. No século XVI, sob domínio muçulmano, atuou o poeta sufi Kabir (1440-1518). Após a conquista britânica, a Índia se abriu à influência ocidental. Nos dois últimos séculos, a literatura indiana foi registrada nas principais quinze línguas do país, incluindo o inglês e o bengali, esta última oferecendo uma das literaturas mais ricas da India. Dos autores modernos, destacam-se Madhusudan (1824-1873) e Rabindranath Tagore (1861-1941), que recebeu o Prêmio Nobel em 1913. Dos autores mais recentes, convém citar V. S. Naipul (1932) e Rushdie (1947). É um pouco da diversidade e riqueza dessa literatura de tantos matizes que nos propusemos a mostrar nesta Noite Indiana, embalados por suas músicas recheadas de microtons e de suas danças de movimentos sutis e delicados.

18 julho 2011

Corsário e Augusto de Campos no B_arco



O lançamento da Revista Corsário, no Espaço Cultural B_arco foi incrível. A mesa, que já era seleta, foi contemplada com a presença do "Avatar", Augusto de Campos, como brincou o poeta Claudio Willer em sua fala inicial. Augusto não se fez rogado. Quando brinquei dizendo que ele não precisava ser apresentado, pediu a palavra e agradeceu a iniciativa da Revista Corsário e de seus editores Mardônio França e Katiusha de Moraes - que compôs a mesa.

Com sua presença ali, o próprio "São João Batista" da literatura cibernética (como foi designado na capa da revista), foi inevitável que todos se referissem a ele, as suas contribuições e ao movimento da poesia concreta e as relações com o que vemos hoje na cibercultura e webliteratura.

Claudio Willer mencionou em sua fala uma certa postura messiânica apresentada pelos concretos em seus momentos iniciais. Seguindo a ordem da mesa, Augusto foi o último a falar e rebateu com elegância a ironia dizendo que eles eram jovens que apanharam muito naquele momento e precisavam se impor, marcar uma posição diferencial ao que se via na época.

Alguns trechos dessa fala foram captadas pelo celular do poeta recifense, Thiago.

Logo, disponibilizaremos mais...


[Edson, C. Willer, Luis, Lucia Santaella, Mardônio França, Ademir Assunção e Augusto de Campos - by Katiusha de Moraes]

[Edson Cruz, Antonio Vicente Pietroforte, Claudio Willer, Katiusha de Moraes, Lucia Santaella, Ademir Assunção e Augusto de Campos - by Mardônio França]

                          [Edson Cruz, Antonio Vicente Pietroforte e Claudio Willer - by Mardônio França]

[Edson Cruz, Claudio Willer, Katiusha de Moraes, Lucia Santaella e Ademir Assunção - by Mardônio França]




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11 julho 2011

Lançamento e Debate no B_arco



                                                           16/07, sábado, 16h

Lançamento da REVISTA CORSÁRIO

Debate: As revistas literárias em época de cibercultura, literatura miscigenada de signos e simbiose semiótica

Debatedores: Lucia Santaella (professora, pesquisadora e especialista em Semiótica), Antonio Vicente Pietroforte (poeta, professor e editor), Ademir Assunção (poeta e coeditor da revista Coyote), Claudio Willer (poeta e ex-coeditor da revista Agulha) e Katiusha de Moraes (poeta, produtora cultural e redatora-chefe da Corsário).

Mediador: Edson Cruz (poeta, coeditor da Revista Mnemozine, ex-editor e fundador do Cronópios)

Apresentador da Revista Corsário: Mardônio França


Sobre os participantes:

Ademir Assunção é poeta, letrista de música e jornalista. Publicou LSD Nô, Zona Branca, Adorável Criatura Frankenstein e A Musa Chapada (em parceria com Antonio Vicente Pietroforte e Carlos Carah), entre outros. Tem poemas musicados e gravados por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Madan e Ney Matogrosso. É um dos editores da revista literária Coyote.

Antonio Vicente Seraphim Pietroforte é formado em Português e Lingüística pela USP, professor livre-docente do Departamento de Lingüística da mesma Faculdade nos cursos de graduação em Letras e no curso de pós-graduação em Semiótica e Lingüística Geral. Possui vários títulos publicados na área acadêmica e na literária. Entre eles: Tópicos de semiótica – modelos teóricos e aplicações (1ª ed, Annablume, 2008); O discurso da poesia concreta – uma abordagem semiótica (1ª ed, Fapesp-Annablume, 2011). O retrato do artista enquanto foge (poesias, DIX,2007); Amsterdã SM (romance, DIX, 2007); M(ai)S - antologia SadoMasoquista da Literatura Brasileira (prosa e poesia, DIX, 2008), organizada em parceria com o escritor Glauco Mattoso. O livro das músicas (poesias, [e] editorial, 2010); Sara sob céu escuro (romance, [e] editorial, 2011).

Claudio Willer é poeta, ensaísta e tradutor. Publicou Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia, ensaio (Civilização Brasileira, 2010); Geração Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009); Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (terceira edição em 2004); Lautréamont - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008) e Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM Pocket, nova edição em 2010). Teve publicados, também, Poemas para leer en voz alta (Andrómeda, Costa Rica, 2007) e ensaios na coletânea Surrealismo (Perspectiva, 2008). É autor de outros livros de poesia – Anotações para um Apocalipse, Dias Circulares e Jardins da Provocação – e da coletânea Escritos de Antonin Artaud, esgotados. Doutor em Letras na USP com Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna (2008), faz pós-doutorado sobre Religiões Estranhas, Hermetismo e Poesia na USP. Foi coeditor da revista literária on-line Agulha.

Edson Cruz (Ilhéus, BA) é poeta, editor e revisor publicitário. Foi fundador e editor do site de literatura Cronópios (até meados de 2009) e da revista literária Mnemozine. Em 2007, lançou Sortilégio (poesia), pelo selo Demônio Negro/Annablume e, como organizador, O que é poesia?, pela Confraria do Vento/Calibán. Lançou, também, uma adaptação do épico indiano, Mahâbhârata, pela Paulinas Editora. Em 2011, lança seu poemário Sambaqui, pela Crisálida Editora. É professor no Curso Prática de Criação Literária da UnicSul/Terracota Editora, no Módulo Poema.  E-mail: sonartes@gmail.com Blogue: http://sambaquis.blogspot.com

Katiusha de Moraes é poeta, advogada, produtora cultural, mestranda em Linguística (UFC). Atualmente, é diretora executiva da Fotossíntese:. arte:.comunicação, redatora-chefe e produtora da Revista Corsário. Em 2009, publicou o livro de poesias Fábrica de Asas (Editora Corsário).

Lucia Santaella é professora titular do programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, onde dirige o Centro de Investigação em Mídias Digitais e também coordena a Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital e o Centro de Estudos Peirceanos.  É doutora em Teoria Literária na PUC-SP e possui também Livre-Docência em Ciências da Comunicação na ECA/USP. Santaella é ainda pesquisadora do CNPq e coordenadora do lado brasileiro do projeto de pesquisa Probral (Brasil-Alemanha) sobre relações entre palavra e imagem nas mídias. A pesquisadora já publicou 30 livros, sendo cinco em co-autoria, e organizou a edição de outros 11 livros. Santaella também já escreveu aproximadamente 300 artigos, que foram publicados em periódicos científicos no Brasil e no Exterior. Recebeu os prêmios Jabuti (2002 e 2009), o prêmio Sérgio Motta (Líber, 2005) e o prêmio Luiz Beltrão (2010). Alguns de seus livros são: Convergências: Poesia Concreta e Tropicalismo, Nobel, 1986; Culturas e artes do pós-humano. Da cultura das mídias à Cibercultura, Paulus, 2003; Comunicação & Semiótica (em coautoria com Winfried Noth), Hacker, 2004; Por que as comunicações e as artes estão convergindo, Paulus, 2005; entre outros.

Mardônio França é poeta multimeios e editor-responsável da revista Corsário.



Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426 - Pinheiros - SP - 05415-020 - Tel.:(11) 3081-6986