17 fevereiro 2008

A casa do ser



sou a inescapável casa que habito
a fonte que busco iluminada
o paraíso eterno e impalpável
o eco que retorna após o grito

sou o lugar que tanto almejo
o instante que entoa o infinito
o estar na ação que se conclui
o bem que neste mundo entrevejo

sou aquele que é já se fazendo
partícula por quem o todo se apaixona
a vida que permeia o ambiente
sombra que acompanha o movimento

um bom lugar será que sou,
ou só preencho a casca que me restou?

6 comentários:

  1. Olá Edson, se me permite dizer, este é um de seus poemas mais bonitos que eu li até agora, pois traz o eco do grito que repercute no casulo. Aí, seu poetar faz os versos brilharem sob a "casca que lhe restou" e que você mantém quando a alimenta com as letras certas. Abraços.

    ResponderExcluir
  2. esse poema me tocou tão profundamente...
    sinto essa vivescência larvária ou viscosa que pulsa em iminência e reverbera em sonhos e glórias, mas que encerrada em casca pré-moldada vê confundido seu papel: substância ou fina aparência?
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. O verdadeiro manifesto em palavras é aquele que lemos através dos nossos corações.

    Como consequência desta maravilhosa química do universo, as lágrimas brotam como as flores na primavera.

    A superação é um caminho natural de quem acredita na "casa que habita". Parabens!!!

    ResponderExcluir
  4. si si, um bom lugar...não tenho dúvidas! sigo apreciando esse movimento teu de saber-se...e é sempre bela a vista.

    ResponderExcluir
  5. oi edson! sempre voltamos às perguntas que nunca partem, latentes-da-vida que são... e vai ver que a vida é tb perguntar um pouco sempre e sempre um pouco isso. lembrei de um troço que uma vez escrevi pensando nessa coisa de casca, inspirada no rosado guimarães. se quiser, vá lá: http://hojeediadepomarola.blogspot.com/2006_09_10_archive.html

    ResponderExcluir
  6. por distração
    eu não queria escrever para nada
    que não fosse a passar num poema
    aquilo que em mim soa
    (e me faz suar) infinito;
    aquilo que em mim
    se debate, corrói
    e arrebenta.

    eu não queria escrever para nada
    que não fosse a devolver num poema
    aquilo que em mim do outro é,
    me fazendo sê-lo.
    não para que ele
    se debata, se corroa
    e se arrebente.
    mas para que as palavras,
    assim como outrora,
    infinite-o.

    ResponderExcluir