16 março 2011

...O Portal do Dragão - Uma versão...


quando o torpor do sono vem
e o ser apaziguado fica

algo enfim desperta e bem
com o sonido d’água  precipita

e feito sonho dentro de um sonho
a imagem de um peixe nos habita

salta pra fora num dançar bisonho
alçando-se ao topo da queda entrevista

(mas não é tão simples para uma carpa
transformar-se em um dragão)

assim como as carpas buscam
o portal do dragão

assim como os poetas anseiam
enxergar na escuridão

assim como o plebeu almeja
algum dia ser barão

todos o seres ensejam
alcançar a iluminação

(mas não é tão simples para uma carpa
transformar-se em um dragão)

parece fácil como tocar harpa
como tatuar o sim na água do não

mas um canto grave como bordão
repete sempre o mesmo refrão

não desanimem, persistam
superem o limite do ego falastrão

pois ninguém escapa da morte
nem mesmo o grande dragão.


[Poema inspirado na parábola budista de mesmo nome. Confira.]

3 comentários:

  1. Olá, Edson. Quem escreve é o Carlos, que frequentou o módulo poema contigo na Terracota.

    Rapaz, apreciei a ideia do poema, e noto que já é uma versão forte, mas, a meu ver, ainda um tanto distante da definitiva.

    À minha percepção poética ainda amadora, o poema começou muito bem, tanto em conteúdo quanto em construção (aliás, o conteúdo geral é muito bom), mas, quando chega nos versos terminados em "ão", julgo que perde a força. Talvez sejam as rimas trazidas principalmente por substantivos (dragão, escuridão, barão, iluminação, o não, refrão...), ou alguma outra coisa, não sei bem.

    Desconheço a fábula budista na qual o poema foi inspirado... Mas, nele, um trecho que me marcou foi a ideia da carpa a transformar-se em dragão. A imagem é linda. Só não me agradou muito a construção dos dois versos que tratam desse trecho.

    Enfim, como você mesmo disse, é "uma versão". E o poema tem qualidade e potencial pra crescer bastante.

    Rapaz, fico feliz em perceber que você está sempre escrevendo (vejo pelos seus e-mails), o que é uma grande motivação pra que eu siga adiante também. Saber que os escritores e poetas andam por aí produzindo me faz perceber que sou um imenso de um preguiçoso, e acabo me forçando a fazer algo.

    Grande abraço! E força nos trabalhos!

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  2. Tatuando o meu sim na água desse não.

    Magistral.

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  3. valeu, Carlos.
    sua observações são pertinentes. aos rimas em "ão" são as mais manjadas da língua portuguesa e deveriam ser evitadas. nesse caso, não consegui fugir muito e deixei-me levar pelo bordão torcendo para q elas reforçassem a ideia da monotonia de um bordão q se repete.
    pra conhecer o original clique no Confira lá entre colchetes.
    abraço,

    edson

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