quando o torpor do sono vem
e o ser apaziguado fica
algo enfim desperta e bem
com o sonido d’água precipita
e feito sonho dentro de um sonho
a imagem de um peixe nos habita
salta pra fora num dançar bisonho
alçando-se ao topo da queda entrevista
(mas não é tão simples para uma carpa
transformar-se em um dragão)
assim como as carpas buscam
o portal do dragão
assim como os poetas anseiam
enxergar na escuridão
assim como o plebeu almeja
algum dia ser barão
todos o seres ensejam
alcançar a iluminação
(mas não é tão simples para uma carpa
transformar-se em um dragão)
parece fácil como tocar harpa
como tatuar o sim na água do não
mas um canto grave como bordão
repete sempre o mesmo refrão
não desanimem, persistam
superem o limite do ego falastrão
pois ninguém escapa da morte
nem mesmo o grande dragão.
[Poema inspirado na parábola budista de mesmo nome. Confira.]