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24 abril 2009
Alfredo Fressia à queima-roupa
1. O que é poesia para você?
Caro Edson, elétrico e aceso, primeiro minhas desculpas pelo meu atraso (três meses?) em responder as tuas perguntinhas sapecas. Confesso que não gosto dessas perguntas gigantes –o que é a vida, o mundo, para que existe o homem-. Uma resposta “ontológica” está condenada a ser incompleta. Idem as respostas fenomenológicas. Eu prefiro dar uma “resposta” –gigante também- assumidamente incompleta, a saber, a poesia é o melhor, mais profundo e mais denso espaço de reflexão da experiência humana. Por isso ela não é simpática ao capitalismo (assim dizia um verso de Gelman), nem aos tempos que correm, regidos pela pressa, pelo sumiço do homem nas multidões e pelas manipulações mediáticas. Ela é sabidamente perigosa e rebelde, uma teimosa mosca na sopa.
2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?
Iniciante ou velho de guerra, o poeta deve lembrar dessa rebeldia da poesia. O trabalho poético é artesanal, e não é vendável. A unidade da poesia é o poema, eventualmente até o verso, por isso o suporte livro não é absolutamente da sua natureza intrínseca. A poesia pode existir em qualquer mídia e qualquer paisagem humana, o jornal, a tela do computador, ou nessa “mídia” chamada memória. Ou na lua, lembraria o peruano Jorge Eduardo Eielson, onde queria ser enterrado e queria enterrar um poema dele, coitadinho.
3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?
Não, meu caro Edson, só três textos de só três poetas eu não escolho. A poesia é feita por todos, dizia meu patrício, o Isidoro Ducasse (e olha que ele se dizia Conde), ela é um tecido infinitamente polifônico, até pelo avesso do avesso o poeta é referência. Não há lugar para a penumbra em se falando de poetas. Quanto aos meus poetas mais amados, não somente eles são “íntimos” como também a obra deles quase não ilumina os poemas que me tocou escrever. Juro, é assim.
Caso Edson, não acho uma fichinha em português. Não tem tu vai tu mesmo em espanhol:
Alfredo Fressia nació en Montevideo en 1948. Radica en Saõ Paulo, Brasil, desde 1976, donde ha sido profesor y periodista cultural. Su trabajo literario, que incluye la traducción de poesía, la crítica y la crónica, se centra sin embargo en la creación poética. Su obra, traducida a varias lenguas, se compone hasta el presente de los siguientes poemarios:
Un esqueleto azul y otra agonía. Ediciones de la Banda Oriental. Montevideo. 1973. Premio del Ministerio de Educación y Cultura.
Clave final (Montevideo-Niterói 1975-1979). Ediciones del Mirador. Montevideo. 1982.
Noticias extranjeras. Ediciones del Mirador. Montevideo. 1984.
Destino: Rua Aurora. Edición del Autor. São Paulo. Primera y segunda ediciones. 1986.
Cuarenta poemas. Ediciones de UNO. Montevideo. 1989.
Frontera móvil. Aymara. Colección Arequita. Montevideo. 1997. Premio del Ministerio de Educación y Cultura.
El futuro/O futuro. Edición bilingüe. Versión portuguesa a cargo de Hermínio Chaves Fernandes. Edições Tema. Lisboa (Portugal). 1998.
Amores impares. Collage de poesía sobre la obra de nueve poetas uruguayos. Aymara. Colección Cuestiones. Montevideo. 1998.
Veloz eternidad. Vintén Editor. Montevideo. 1999. Premio del Ministerio de Educación y Cultura.
Eclipse. Cierta poesía 1973-2006. Civiles iletrados. Montevideo-Maldonado. 2003. Reeditado por Alforja Conaculta-Fonca, Colección Azor, México D.F., 2006.
Senryu o El árbol de las sílabas. Linardi y Risso. Col. La hoja que piensa. Montevideo, 2008. Premio Bartolomé Hidalgo 2008.
E-mail: alfress@uol.com.br
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