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03 maio 2009
Ivaldo Ribeiro Filho à queima-roupa
1) O que é poesia para você?
Não possuo uma definição de poesia, mas lembro que Paulo Leminski enumerou mais de quinze definições de poesia. São tantas e tão variadas, geralmente dando relevo a algum aspecto, deixando os demais de fora, que não ouso.
Mesmo assim, adoro que estejam procurando estas definições. Valery, Jakobson, os românticos, os concretos procuraram uma definição para poesia. Com eles, algo se transformou e isso é ótimo.
Por enquanto, basta-me escrever.
Mas se fosse dar uma definição de poesia, por acaso não seria a definição da poesia que faço?
2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?
Não sei o que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira, mas sei contar o meu caminho. Quando a necessidade de escrever poemas surgiu, procurei ler os autores do Modernismo, visto serem os mais divulgados e os que apareciam nos livros da escola.
Depois, passei a comprar revistas literárias e a passear pelos sites literários, na internet. Se alguém dizia que algum autor era importante, eu comprava o livro e ia ler aquele autor até saber por que ele era importante.
No começo foi difícil: alguns autores eram sentimentais demais e outros herméticos em demasia. Mesmo com estas dificuldades, continuei a ler.
Então, chegou o dia em que passei a ler os autores contemporâneos, visto que amigos, também apreciadores de poesia, me apresentavam esses autores. Aos poucos, fui encontrando o meu caminho.
Como não tenho formação em letras, nem em filosofia, passei a ler estes assuntos e isso muito me ajudou.
Após ter publicado o primeiro livro, continuei os estudos lendo livros direcionados à escrita, fiz cursos, mini-cursos, participei de eventos em universidades, continuei vasculhando textos pela internet, fui a centros culturais e aprendi um pouquinho de cinema, dança, teatro, fotografia, artes plásticas, música e a ver relação da literatura com essas outras linguagens.
Infelizmente, não fiz parte de oficinas literárias, visto não existir nenhuma em Fortaleza ou Teresina. No entanto, creio que muito me ajudariam.
Ainda hoje acompanho o que está sendo publicado, viajo em sites de universidades e busco entender as discussões em torno da literatura, o que os escritores dizem. Aliás, gosto, principalmente, de escutar o que eles têm a dizer.
Quase esqueço de falar que, no início, eu mostrava os meus textos a um amigo que estudava letras. Um grande amigo, o Marcelo Magalhães, que possuía uma paciência enorme comigo.
Quase esqueço de contar que eu possuía uma turma que me emprestava livros, discutia literatura comigo, a quem, mais tarde também mostrei meus textos. São poetas inteligentes e sensíveis, a quem eu dava a liberdade de dizerem quando não gostassem de um texto meu. Júlio Lira, Eduardo Jorge, Diego Vinhas, Eli Castro, Rodrigo Magalhães.
Era difícil escutar de alguém que não gostou de um poema meu, mas eu cresci muito com isso. O mais interessante é que nós, da turma, seguimos caminhos diferentes e que nossas maneiras de ver a poesia nunca foram iguais, mas que, mesmo assim, sempre nos respeitamos bastante.
3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?
Publiquei quatro livros e eles são tão distintos entre si que parecem não terem sido escritos pela mesma pessoa. Apesar disso, são meus e eu os adoro. Digo isso, porque eu me encontro em uma situação em que meus textos talvez não formem um conjunto. Tenho procurado trilhar sempre um novo caminho e me sinto já uma pessoa multifacetada.
O meu livro Cruviana, por exemplo, traz uma temática nordestina que destoa de tudo o que é produzido nos grandes centros, como São Paulo e Rio. É por isso que me pergunto sobre quais autores me influenciaram e que foram referenciais para o meu trabalho.
Leio os autores brasileiros da década de 90 para cá, principalmente. Sinto atração por certa poesia americana do século vinte como William Carlos Williams e Robert Creeley. Quanto aos modernistas, prefiro Drummond, Bandeira e Murilo Mendes.
Gosto de ler autores inventivos, experimentais e que trabalhem a linguagem. No entanto, acredito que nem as obras destes autores, muito menos eles, se reconheçam como referenciais ao meu trabalho.
Ivaldo Ribeiro Filho. Nasci em Picos, Piauí, em 1974. Como meu pai era bancário, morei em várias cidades do interior do nordeste, durante a infância. A maior parte no Ceará. Residi durante dezoito anos em Fortaleza, e moro pela segunda vez em Teresina, onde estou desde 2006.
Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará e tio da Marina.
Publiquei quatro livros: "O Chão Visitado" (2003), "No Intuito de Nenhuma via" (2005), "Cruviana" (2005) e "Quebranto" (2007). Publiquei a reunião "Poesia até Agora" (2007) e participei de três antologias.
Estive na Bienal Internacional do Livro do Ceará de 2006, no Primeiro Encontro de Revistas Literárias do Brasil, como debatedor.
Escrevi artigos que foram publicados nos sites Corsário (CE), Cronópios (SP) e Poema Show (RJ), além de outros.
Atuei como jornalista cultural no Portal de Internet Tribuna do Sol (PI), nos anos de 2006 e 2007.
Tenho textos na internet que podem ser encontrados ao colocar o meu nome completo (ivaldo ribeiro filho), entre aspas, no google – gerando uma pesquisa específica.
Participo do site Clicfolio. Um site voltado para portfólios de trabalhadores do setor criativo. Basta por Clicfolio no google e procurar escritores do estado do estado do Piauí. Lá são encontradas informações detalhadas das atividades que desenvolvi. E-mail: ivaldoribeirofilho@gmail.com
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