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14 fevereiro 2009
Rodrigo Petrônio à queima-roupa
1) O que é poesia para você?
Em uma entrevista recente, Yves Bonnefoy diz que, quando jovem, responderia a essa pergunta longamente. Hoje, preferiria o silêncio. Entre a resposta e o quase-silêncio, vejo a poesia como o lado terrível da inocência. Penso nela como uma busca obsessiva de superar toda a contingência. Por isso, a poesia atravessa os limites do instituído até quebrar os seus diques. Essa é sua proximidade essencial com a loucura. O olhar radicalmente inocente é o olhar que se vê e vê tudo de fora. O poeta ama o mundo na mesma proporção em que se sente completamente alheio a ele. Esse paradoxo funda a poesia. É a emoção poética mesma.
2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?
Ele deve escrever para a poesia, nunca para o poema, para o público ou para si mesmo. Essa é uma maneira de atingir outro lado da vida e da linguagem. Para isso, é preciso fazer a travessia. Mas isso não é possível explicar. Eu mesmo sinto que apenas comecei a minha.
3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que estas escolhas?
Pensando na poesia mais recente, ou seja, do último século e meio, em vez de três poetas e três textos, prefiro mencionar três famílias de poetas que admiro. Em primeiro lugar, penso nos órficos, nos poetas da Iniciação, acima de tudo Rilke. Em segundo, nos poetas da Terra: Saint-John Perse, Herberto Helder, Rimbaud, Whitman, Lorca. E em terceiro, nos poetas do Negativo: Trakl, Benn, Celan, Bernhardt, Pessoa. Esse tem sido meu alimento nos últimos anos. Sinto que grande parte do meu interesse pela poesia está em autores dessas naturezas.
Rodrigo Petrônio nasceu em 1975, em São Paulo. É editor, escritor, professor e pesquisador. Formado em Letras Clássicas e Vernáculas pela USP. Professor e coordenador da Academia Internacional de Literatura (AIL) e do Centro de Estudos Cavalo Azul, fundado pela poeta Dora Ferreira da Silva, bem como coordenador de grupos de leitura do Instituto Fernand Braudel. Trabalha no mercado editorial há mais de dez anos, e atualmente presta serviços para diversas editoras, sobretudo na área de livros didáticos e infanto-juvenis. Colabora para diversos veículos da imprensa. Recebeu prêmios nacionais e internacionais nas categorias poesia, prosa de ficção e ensaio. Tem poemas, contos e ensaios publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Participou de encontros de escritores em instituições brasileiras e em Portugal. É autor dos livros História Natural (poemas, 2000), Transversal do Tempo (ensaios, 2002) e Assinatura do Sol (poemas, 2005), este último publicado em Portugal, e organizou com a poeta Rosa Alice Branco o livro Animal Olhar (Escrituras, 2005), primeira antologia do poeta português António Ramos Rosa publicada no Brasil. É membro do conselho editorial da revista de filosofia, cultura e literatura Nova Águia (Lisboa). Lançou, pela editora A Girafa, o livro de poemas Pedra de Luz, finalista do Prêmio Jabuti 2006. Foi congratulado com o Prêmio Academia de Letras da Bahia/Braskem de 2007, com a obra Venho de um País Selvagem, que será publicada em 2009. Contato: rodrigopetronio@gmail.com
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