[a
propósito de uma parábola budista]
para se
traçar um simples gesto
não
basta armar-se de vontade
a luz
mente e na direita está o sestro
é
preciso saber esquecer a própria idade
pois nas
profundezas de um mar escuro
até o
sândalo não conduz à claridade
pode-se
viver por muito tempo obscuro
tateando
diante de si o tal anseio
feito
criança na noite inseguro
a
almejar o tão amado enleio
sem
nenhum ontem em círculo vazio
ou
amanhã que traga algum esteio
pode-se
esperar milanos o tronco arredio
e súbito
vê-lo passar com enganosa visão
ou
tentar alcançá-lo feito gato no cio
como um
quelônio sôfrego a exaustão
a
deparar-se com mais um logro desvario
o
sândalo na onda indo noutra direção.