25 outubro 2007

El encuentro perfecto


Fernando Butazzoni e Edson Cruz
[foto tirada pela esposa de Fernando]

No Encuentro de Escrituras de Maldonado, Uruguai, tive o prazer de conhecer um escritor que me fez correr à livraria e gastar quase todos os meus pesos para adquirir o livro que ele acabara de lançar e de ler um trecho para nosotros. Seu nome é Fernando Butazzoni.

Seu romance, El profeta imperfecto, foi editado pela Planeta no Uruguai e já é um dos dez finalistas do Prêmio Planeta/Casamérica de 2007. Segundo ele me confirmou, posteriormente, seu livro está em tradução e será lançado no Brasil em 2008.

Butazzoni, além de escritor, é jornalista nascido em Montevidéu. Estudou Ciências Biológicas em Cuba. Uau! Trabalhou por lá como professor e escreveu programas para rádios de Cuba. Logo em seu primeiro livro Los dias de nuestra sangre, de 1979, abocanhou o prestigioso Prêmio Casa de las Américas, na categoria contos.

Fez parte da resistência nicaragüense em 1978 e esteve na frente de batalha pela Frente Sandinista de Liberación Nacional. Ainda bem que sobreviveu. Aliás, conheci durante o Encontro vários escritores marcados, de alguma forma, por suas opções e ações políticas. Um deles foi o uruguaio Carlos Caillabet, que esteve 13 anos preso por pertencer ao movimento tupamaro e só foi libertado com a anistia.

Mas, voltando a Butazzoni, ele criou, juntamente com o escritor argentino Mempo Giardinelli, o Comitê Internacional de Intelectuais Contra a Guerra, resistindo às políticas bélicas dos EUA. Desse Comitê participaram vários escritores importantes como Mario Benedetti, Eduardo Galeano, Luis Sepúlveda, Antonio Cisneros, entre outros.

No mesmo dia em que ouvi sua leitura participei de uma mesa com sua presença. Um belo encontro. Ele me perguntou algo sobre a sonoridade e musicalidade de meus poemas, que eu acabara de ler, e cuja emoção quase me deixou sem fala. Eu estava meio dopado depois da leitura e nem lembro o que respondi. Acho que falei de música popular, como a música me influenciou e da velha questão sobre letras de música e poesia no Brasil. Ele foi bem bacana e receptivo à minha poesia. É um grande escritor. Vejam vocês mesmos...

“[...] Resulta que este hombre es experto en practicar un juego secreto que consiste en no pronunciar ni una palabra durante todo el fin de semana. Es mi tiempo libre y hago lo que quiero, piensa. O sea, silencio. Cuando cultiva el arte de callarse la boca ni siquiera se permite una exclamación mientras de despereza, o un susurro al afeitarse frente al espejo. Nada. Ningún sonido. Se dedica a la lectura o a sus pasatiempos: las palabras cruzadas y la televisión. Es un orfebre de los crucigramas, y hasta se há comprado de liquidación un viejo diccionario enclopédico Sopena del año 1952, nada más que para corroborar de manera fehaciente algunos de los múltiples gazapos com que suelen estropearse muchas definiciones, realizadas la mayoría de las veces con torpeza por iletrados aprendices.
Esa es, para él, una posible forma de estar: televisión, palabras cruzadas y silencio. Vodka y silencio. Como si el tiempo se quedara allí y lo pusiera a salvo de los desastres del pasado, a los que há sobrevivido de manera inexplicable. Silencio y tiempo. Una posible forma, también, de no estar. Así se las arregla, en el tédio de esos larguísimos fines de semana, para hacer las compras – em general los sábados sobre el mediodía – sin saludar ni consultar precios ni despedirse de la cajera del supermercado. Es un maestro del mutismo. Claro que no há podido sacar, de esos parêntesis, casi ninguna conclusión, excepto tal vez la certeza de su inutilidad, lo que viene a reforzar su tesis acerca de la estupidez humana. [...]”

[Trecho do romance El profeta imperfecto, Planeta, 2007]

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