11 dezembro 2007

brasil colônia




nenhum mulato
negro índio
ninguém tingido
por água salgada
vindo

exercerá função
de ourives mesmo
aquele que liberto
um dia com seus
sapatos a luzir

nem o outro
se conseguiu bem mais
precioso tanto faz
se tem coração
ouro branco

artíficie de metais
nobres há que ser
impecável
sem marcas
cicatrizes
não ungido
sem excesso
de melanina

algo assim próximo
da matéria alva
com que se tinge
o mundo
visão última
de quem
se entrega
à morte

Um comentário:

  1. (...)
    "algo assim próximo
    da matéria alva
    com que se tinge
    o mundo
    visão última
    de quem
    se entrega
    à morte"

    Que beleza, querido. Quanta frieza cortante.
    Amei.. como amo tudo que és, (d)escreves, tinges. Como sabes envenenar o mel, adocicar o fel!
    Que venha mais... antes que chegue o inverno europeu, e que a outonal cigarra deixe de cantar.
    Beijos de longe, distante, de Sintra.
    A amiga,
    Kátia Drummond.

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