26 maio 2008

A cegueira em época de supervisualização



Ensaio sobre a cegueira foi o livro que mais me impactou nos últimos 12 anos e passei a respeitar com carinho o escritor português Jose Saramago.

Esse momento tão particular e tão emocionante (que invasivamente vemos acima), impossível de ser compartilhado em tempos pré-web, pré-YouTube, pré-visualização de coisas tão íntimas como essa, pré-big-brothers, me levou às lágrimas...

Aguardo o filme com ansiedade.

19 maio 2008

Mormaço na Floresta



Finalmente conheci o Amazonas. Naveguei pelo rio Solimões. Vi o abraço de suas águas claras com as negras do rio Negro. Entrei no Teatro Amazonas. Assisti a um ensaio de ópera. Encarei uma onça arredia nos olhos. Hospedei-me no mítico Hotel Tropical. Conheci o Centro de Estudos e Pesquisas Ecológicas da Amazônia - CEPEAM, um projeto do mestre Daisaku Ikeda. Vi pela primeira vez uma Ambulancha.

Fiz muitos amigos. Abracei muitos companheiros de ideal. Fortaleci minha unicidade de mestre e discípulo. Senti um pouco da grandeza do povo amazonense e dos desafios dos manauaras. Sobrevoei a extensa floresta. Comi tambaqui frito. Fiquei sabendo a história do candiru (peixinho que devasta a uretra do mijões em alguns rios).

Tudo isso só foi possível graças ao Grupo Alvorada da BSGI. Três vivas ao Grupo. Três vivas ao mestre.

E se tudo isso não bastasse, ainda apertei a mão, conversei, fui beijado e abraçado pelo poeta Thiago de Mello. Ganhei um afago do poeta depois de lhe dedicar um poema. "Você tem talento, menino. Gostei muito. Gostei da sonoridade. Escreva mais com versos em rima. Redondilhas.

O poema é este:


Coração Amazônico
para Thiago de Mello


na lentidão do rio Solimões
curtindo na pele
o mormaço de sua querida floresta
senti a imensidão
de seu coração
a grandeza sem fim
deste rico manancial de vida
no planeta

tudo ficou tão pequeno
tão ínfimo dentro de mim
igarapés de coisas desnecessárias
trastes de civilização

tudo o mais era silêncio
só o ronco do barco desafiava
a quietude
deslizando imponente
entre os igapós

ouvi seu grito
a ecoar na voz do filho amado
“não mate a mata”
a mata não mata

deixem a vida
vicejar em ritmo natural
deixem o rio
quietar em minha Barreirinha
para que possa desaguar
límpido em minhas mãos.


[Manaus, 17 de maio, XI Encontro do Grupo Alvorada da BSGI]

11 maio 2008

A origem do Dia das Mães


A mais antiga comemoração dos dias das mães vem da Grécia antiga, quando a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.
Depois de muito tempo, no início do século XVII, a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.
Mas foi uma americana, Ana Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905, Ana, filha de pastores, perdeu sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais.
Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães. A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de abril de 1910, quando o governador de Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mães ao calendário de datas comemorativas daquele estado. Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração.
Finalmente, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Nacional das Mães deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de maio. A sugestão foi da própria Anna Jarvis. Em breve tempo, mais de 40 países adotaram a data.
"O amor de uma mãe é diariamente novo", afirmou certa vez. Anna morreu em 1948, aos 84 anos.
O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Desde então, mesmo contra a vontade de Anna, que chegou a entrar com um processo em 1923 para cancelar o Dia das Mães, sem sucesso, muita coisa aconteceu e entre as filas nos Shoppings, o trânsito infernal, as lojas lotadas, e essa homenagem se transformou em algo diferente.
E isso pode ser muito simbólico. Sendo a mãe o núcleo da família, o equilíbrio do lar, essa “nova” situação desencaminhou a luta de Anna. O reconhecimento da importância das mães no dia-a-dia foi subestimado.
Os tempos modernos (ai que saudades da aurora da minha vida...) conseguiram, através do incremento do comércio, de promoções tipo compre 1 e leve 2, distorcer o grande feito de Anna Jarvis.
Será que aí não pode estar uma das razões para os atos de violência, da desestruturação familiar que nós temos observado, ainda estarrecidos, nos dias de hoje?
Vocês sabem o que foi escolhido por Anna Jarvis como presente, simbolizando a pureza, a fidelidade, o amor, a caridade e beleza para uma mãe?
Um simples cravo branco.

Dr. Yechiel Moises Chencinski – médico pediatra e homeopata
http://www.doutormoises.com.br/

P.S.: Anna Jarvis morreu em 1948, aos 84 anos, sem ter sido mãe.

01 maio 2008

Fonction França



Na terça-feira estivemos na livraria Martins Fontes entrevistando e depois dialogando, sobre literatura na internet, com a simpaticíssima escritora e editora francesa Laure Limongi, Claudio Willer, Solange Rebuzzi, Sonia Goldfeder (a incansável Assessora de Imprensa da melhor livraria da cidade de São Paulo) e convidados.

Foi uma noite mais do que agradável. Muito interessante conhecer o trabalho de Laure em vários aspectos. Desde seus escritos, suas idéias e sua relação com os novos escritores franceses. A editora em que ela trabalha, Éditions Léo Scheer, e onde organiza a Coleção Laureli, é das mais interessantes. Seu site é dinâmico e dá um banho nos sites de editoras brasileiras, que parecem muito ingênuos e preguiçosos em relação aos recursos e criatividade que a internet possibilita. Vejam com os próprios olhos.

Ela deu dicas de sites e blogs bacanérrimos da nova cena literária francesa. Confiram os comentários da senhorita Limongi, sobre a passagem por São Paulo, em seu blog, http://www.rougelarsenrose.blogspot.com/ , e no final desse texto os links que ela citou na noite.

A entrevista que fizemos, com a participação da poeta carioca Solange Rebuzzi e a tradução simultânea da Sonia Goldfeder foi muito bacana. Logo que o Pipol conseguir editar entrará na TV Cronópios.

No final do bate-papo ela fez leitura de alguns textos seus que depois foram traduzidos (anteriormente) e lidos em português pela poeta Solange Rebuzzi. Vamos publicá-los, oportunamente, no Cronópios. Solange leu, também, um poema de sua autoria dedicada a Laure Limongi, que havia conhecido na semana anterior em evento no Rio de Janeiro.

O poeta Claudio Willer tinha esquecido os óculos e preferiu não ler nada, depois de comentar e falar sobre a Revista Agulha, site que co-edita com o poeta Floriano Martins.

Dois dos poemas que li, em tradução generosa de Sonia Goldfeder, foram o “Eu”, e o “Palimpsesto” que ficaram assim:

Moi

un être
etonné comme um dieu
abasourdi

sur mon visage
des goûtes de la mer
morte



Palimpseste

toute poèsie déjá
écrite

n’equivaut
a aucune poesie

inscrite
la poesie crève



Links indicados por Laure Limongi:

http://towardgrace.blogspot.com/
www.tierslivre.net/spip
www.publie.net/
www.jcbourdaily.net/
http://correcteurs.blog.lemonde.fr/
http://www.desordre.net/
http://www.t-pas-net.com/libr-critique/
http://www.berlol.net/dotclear/