09 janeiro 2009

Ricardo Silvestrin à queima-roupa



1) O que é poesia para você?
Um texto da função poética da linguagem. Ver o meu artigo Balanço, mas não caio. Ali, está uma explicação clara e um pouco rápida sobre essa função.

2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?
Deve ler boa poesia e bons ensaios a respeito do tema poesia (Roman Jakobson e as funções da linguagem, Haroldo de Campo em A Arte no Horizonte do Provável, Décio Pignatari em Comunicação Poética, Otávio Paz no Signos em Rotação...). Ou seja, deve se ocupar de ler bons poetas para ver o fazer dos outros e também se ocupar do pensar sobre a arte da poesia, tanto sozinho como acompanhado pelos bons pensadores/poetas/críticos. Também conta fazer cursos e/ou oficinas com bons poetas. Tudo isso para perseguir a criação de, primeiro, um bom poema. Depois, um bom poema que tenha as contribuições pessoais à contemporaneidade e, por último, se conseguir, alguma contribuição à história do gênero poético.

3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?

Fiz três trios:

Bandeira/Drummond/Quintana – esse trio foi o primeiro time que me fez entender o que é um bom poema. Comecei a escrever depois que li o Bandeira. Até hoje, ele é o poeta que mais encanta. Equilibra invenção, idéia e sensibilidade. Uma boa leitura é essa dos 50 poemas escolhidos, seleção feita por ele, reeditada recentemente pela Cosac Naify.

Chacal/Leminski/Alice Ruiz – esse foi o segundo trio que me reabriu a cabeça. Com eles, encontrei uma linguagem mais próxima da minha geração e da minha visão de mundo. Ler o Belvedere, reunião da poesia do Chacal, lançada pela Cosac, 2 em 1 com os dois livros Pelos Pelos e Vice-versos da Alice, lançado recentemente pela Iluminuras, e Caprichos e Relaxos, Distraídos Venceremos... e tudo o que achar do Leminski. Valem também os ensaios do Leminski, as biografias que ele escreveu de Bashô, Cruz e Souza...

Augusto/Haroldo/Décio – esse trio chuta a bola para outros campos, amplia a cabeça de qualquer poeta. Ler Viva Vaia do Augusto, Não, Despoesia, todos do Augusto – Poetc., Poesia, pois é poesia, do Décio, A educação dos 5 sentidos, do Haroldo. E também tudo o que eles lançaram de teoria e tradução.

E sobram ainda os simbolistas, com o quarteto Rimbaud/Mallarmé/Verlaine/Baudelaire, sobram Marcial, Bashô, Issa, Ferreira Gullar, Cabral, Emily Dinckinson, Benedetti, Borges...




Ricardo Silvestrin é autor dos livros de poesia O menos vendido, ex-Peri,mental, Palavra mágica, Quase eu, Bashô um santo em mim e Viagem dos olhos, além dos infantis O baú do Gogó, Pequenas observações sobre a vida em outros planetas, É tudo invenção, Mmmmonstros! e Transpoemas. Lançou em 2008 o livro de contos Play. Integra o grupo musical os poETs. É editor da ameopoema. Recebeu por 3 vezes o Prêmio Açorianos de Literatura. Assina uma coluna no Segundo Caderno do jornal Zero Hora. Apresenta o programa Transmissão de Pensamento na Rádio Ipanema FM. Site: www.ricardosilvestrin.com.br E-mail: silvestrin@uol.com.br

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