22 abril 2009

Marcelo Ariel à queima-roupa




1) O que é poesia para você?

A busca do Real fora da ficção do eu, onde a linguagem renasce como uma luz e um mapa para a descoberta do mundo.

2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?

Deve perseguir a renúncia ao eu através da linguagem, mesmo que para isso esbarre na incompreensibilidade e na obscuridade, aliás, a obscuridade limpa. Deve ler muito e sempre, principalmente os antigos que tinham a elegância de não assinar, ler os livros sagrados: Os Vedas, o I-Ching, a Bíblia (Nas versões de Martin Buber e André Chouraqui), O Tao Te King, o Dhammpada, o Alcorão, o Masnavi, enfim a leitura dos livros sagrados é a fonte da melhor poesia , não existiria Shakespeare sem a Bíblia do Rei James.

3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?

Herberto Helder e sua Poesia Toda, Helder abriu para mim um campo vasto de significados para a imagem como o acontecimento mágico, no sentido mais profundo e menos metafísico dessa palavra.

Wittgenstein e seu Tractatus Lógicus Filosoficus, um livro que me emociona até as lágrimas, porque seu autor tenta recuperar a dignidade do silêncio e desmontar a grande falcatrua do iluminismo, que até hoje serve de base para uma visão equivocada da vida e do mundo.

Fernando Pessoa e sua Obra Poética, Pessoa me mostrou a possibilidade que temos de criar universos quando nos afastamos um pouco da ficção do eu ou o reviramos pelo avesso, a poesia é a essência da magia e só a magia é real, aprendi isso com Pessoa.



Marcelo Ariel, nasceu em Santos-SP em 1968, Poeta, autodidata e perfomer. Autor dos livros: ME ENTERRE COM A MINHA AR 15 (Coletivo Dulcinéia catadora-SP-2007), TRATADO DOS ANJOS AFOGADOS (Letraselvagem-SP-2008) e O CÉU NO FUNDO DO MAR (a ser lançado pelo Coletivo Dulcinéia Catadora). E-mail: marceloahriel@yahoo.com.br

2 comentários:

  1. Acho que o Marcelo Ariel não precisava ter escrito nada disso. De minha parte, acredito, verdadeiramente, que o Marcelo é já em si a própria corporificação da resposta a pergunta: "o que é poesia?" ; )

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  2. Concordo c o M-A. Precisar o Marcelo n precisa; mas ser - goste ou n - borges-baudrillardiano (leia-se: multiplicador de simulacros) é o próprio Marcelo, parte desta sua estratégia em negativo de não-eu...

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