27 janeiro 2011

bile negra


há manhãs quando
nem o cheiro
do café
o jornal aberto
sobre a mesa
o sorriso franco
da amada
o chamado doce
de meu filho
o latido amigo
do cachorro
o frescor florido
da jabuticabeira
o canto verde
das maritacas
o azul-celeste
de janeiro
suprem o oco
do corpo a corpo
com a vida
o sumo
desperdiçado
a dádiva
                                                  imerecida

    

3 comentários:

  1. Caraca ... Esse poema diz o que tenho sentido...Nem o nascer do sol ..nem o por dele, suprem o vazio. Ah! Quantas vezes me pergunto se mereço esse mesmo sol, se não o curto em toda sua plenitude por me prender no inútil... adorei Edson (queria ter sido eu a escrever) Beijo/rosa

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  2. O que seria dos filósofos e dos poetas sem esse vazio? O desespero humano de Kierkegaard, a invenção do super homem de Nietzsche...
    Ainda bem que a incompletude também abriga em você.

    beijos

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