A Teoria do Caos, embora inicialmente não tivesse essa
intenção, parece servir às mais estapafúrdias conclusões. Inclusive para
mostrar a inexistência do acaso. Poderia o bater de asas de uma borboleta no Brasil desencadear um tornado em São Francisco? Pequenas mudanças em variáveis de um determinado acontecimento, percebeu-se, poderiam produzir efeitos desproporcionais. O que tornaria legítima a seguinte questão: o que a burocracia militar
americana teria a ver com a maior capital gay do planeta? O tema daria uma ótima tese
com cálculos holísticos avançados. Durante a Segunda Guerra Mundial, todo
militar americano que fosse suspeito de homossexualidade teria que passar por
uma avaliação feita por uma junta militar em São Francisco. Conta-se que, entre
1941 e 1945, passaram por lá e foram mal avaliados para o exercício da
profissão, quase 10 mil militares gays e lésbicas. No final das contas, os
reprovados acabavam por ficar na cidade. Os militares e sua homofobia, mesmo
sem o querer, contribuíram para criar a base da maior colônia gay do planeta.
Poderíamos chamar a esse caso específico não de manifestação do Efeito
Borboleta e sim do Efeito Arco-Íris, o que mudaria toda a terminologia
pseudocientífica da teoria. Álvaro riu de seu próprio raciocínio. No fundo,
nenhuma teoria científica conseguiria suprir o buraco negro em seu peito. Porém,
ele perseverava, não sem uma boa pitada de banzo.
Há uma virada interessante ao final do parágrafo, atiçando a curiosidade. E fazendo o leitor querer mais. Isto é muito bom.
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