levantei ferido por estilhaços
dados flamejantes do real
a morte acompanha-me
em vigília sorri com servos
em seus braços
um sol negro explode
com a fúria de Ísis
a recolher pedaços tenros
na manhã que inicia
mãe assassina cinco filhos
em busca de atenção
pai estupra a própria filha
e torna-se pai-avô
mãe deixa bebê rolar
nos trilhos de um trem em movimento
pai esquece bebê no carro
e sob sol escaldante vai para academia
o tempo para por um átimo
atiraram no dramaturgo
metralharam a poesia do dia a dia
tudo o que é humano
me é estranho
os átomos todos foram maculados
agora só nos resta o vazio
com seus espaços povoados de dor
chorar em nada me alivia
devo acordar do pesadelo
que me atormenta
e lívido merecer o perdão
por pertencer à espécie humana?