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31 outubro 2009

ELEGIA


levantei ferido por estilhaços
dados flamejantes do real

a morte acompanha-me
em vigília sorri com servos

em seus braços
um sol negro explode

com a fúria de Ísis
a recolher pedaços tenros

na manhã que inicia
mãe assassina cinco filhos

em busca de atenção
pai estupra a própria filha

e torna-se pai-avô
mãe deixa
bebê rolar

nos trilhos de um trem em movimento
pai esquece bebê no carro

e sob sol escaldante vai para academia
o tempo para por um átimo

atiraram no dramaturgo
metralharam a poesia do dia a dia

tudo o que é humano
me é estranho

os átomos todos foram maculados
agora só nos resta o vazio

com seus espaços povoados de dor
chorar em nada me alivia

devo acordar do pesadelo
que me atormenta

e lívido merecer o perdão
por pertencer à espécie humana?