levantei ferido por estilhaços
dados flamejantes do real
a morte acompanha-me
em vigília sorri com servos
em seus braços
um sol negro explode
com a fúria de Ísis
a recolher pedaços tenros
na manhã que inicia
mãe assassina cinco filhos
em busca de atenção
pai estupra a própria filha
e torna-se pai-avô
mãe deixa bebê rolar
nos trilhos de um trem em movimento
pai esquece bebê no carro
e sob sol escaldante vai para academia
o tempo para por um átimo
atiraram no dramaturgo
metralharam a poesia do dia a dia
tudo o que é humano
me é estranho
os átomos todos foram maculados
agora só nos resta o vazio
com seus espaços povoados de dor
chorar em nada me alivia
devo acordar do pesadelo
que me atormenta
e lívido merecer o perdão
por pertencer à espécie humana?
Acuso o recebimento do link. Em muitos sentidos. O poema reclama sua própria carga de acomodação. A cena do Bergman flutua abstrata diante dessas intensidades.
ResponderExcluirAbraço
No meu entendimento, a complascência ofertada pelo perdão abre, para muitos, a perigosa porta da permissividade.
ResponderExcluirFica muito claro o sentido de absurdo.
Belo poema e imagem Edson.
Cada vez mais admiro Bergman.
Abraço
será que algumas pessoas merecem perdão?
ResponderExcluir*****
Adorei a entrevista que vc deu para o jornal do povo, eu não saberia escolher algum clássico de 50 anos pra cá.
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E sim, hipersexo é um dos textos que eu mais gosto daqui. E deve ter aparecido no google por causa do título.
Beijo.
Bom fim de semana.
Tentativa de compreensão e desencanto. Mas o que é o perdão quando a raça humana decai tanto?
ResponderExcluirok! se é assim...
ResponderExcluirHá humanos e humanos. Também fico pasma quando vejo estas atrocidades. Edson, que belas palavras! Quantas reflexões profundas! Gostaria de ter escrito isso.Lindo, triste, imenso e real.
ResponderExcluirBjs
Simplesmente profundo e lindo.
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