quando o torpor do sono vem
e o ser apaziguado fica
algo enfim desperta e bem
com o sonido d’água precipita
tal sonho dentro de um sonho
a imagem de um peixe nos habita
salta pra fora num dançar bisonho
buscando o topo da queda entrevista
(nunca é fácil a uma carpa
transformar-se em um varão)
assim como os ciprinos buscam
o portal do dragão
assim como os poetas anseiam
enxergar na escuridão
assim como o plebeu almeja
algum dia ser barão
todos o seres ensejam
atingir a iluminação
parece fácil feito tocar harpa
tatuar o sim na água do não
uma rima pobre como bordão
vem repetir o mesmo refrão
não desanimem, insistam
superem o limite do ego falastrão
pois ninguém escapa da morte
nem mesmo o grande dragão.