as garras da noite
infiltraram-se
sorrateiras
na hesitante luminosidade
dos dias.
a lição que nos ensina
com seu manto de névoas
não será fácil assimilar.
em tempos de trevas
mitologias e religiões
confundem-nos
ainda mais.
os sonhos foram expulsos
e le cheval noire de la nuit
encarcera
todas as imagens luminosas.
o que engendramos em vigília
já não inspira qualquer
transcendência.
pode ser que não sejamos mais
humanos
e alguma mutação ôntica já tenha
se instaurado.
talvez não seja mais possível
zombar
da multidão de deuses
nem esquecê-los.
quiçá tenhamos de lhes fazer
libações
para domesticar a legião de
demônios
que despencou dos palácios de
Satã.
o que se instaurou sobre nós
é o informe Caos à espera
de algum demiurgo.
uma símile corrompida do Paraíso
Perdido
com versos que eliminaram
qualquer possibilidade
de redenção.