ó musa fugidia e divina
artesã da narrativa cósmica dos
seres
conta-nos o que já não podemos
vislumbrar
ou venha recriá-la com adendos.
por mais que estejas cansada
de artimanhas
e dos fazeres tempestuosos de
Cronos
por mais que teu coração esteja
constrangido
pelo padecimento dos seres
peço-te que não nos abandone
não nos deixe ser abraçados pela
ira
de Poseidon
que irritado com a loucura dos
povos
e governos
despeja-nos no mar revolto
da desesperança.
o que podes dizer que ainda não
foi dito?
quais imprecações ou bálsamo
teu canto pode inspirar?
quem sabe poderia nos lembrar
que somos frutos de um amar,
nutridos
no sal corrosivo do ultramar,
estrangeiros
em nosso próprio lar.
[obra A
Nona Onda, de Ivan Aivazovsky]
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