ouve-se o marulho
sua voz suave a
de hoje
ou de outrora
há algo que quer
pode
deve
triunfar
Sim, os poetas foram expulsos do Estado ideal proposto por Platão. Ao longo da história humana o poeta sempre incomodou, de uma forma ou de outra, mais do que acalmou os sentidos. A “antena da raça”, para alguns; “um sonhador”, pra outros; “um desencaminhador”, para Platão.
Mistificações à parte, o poeta é aquele que faz poesia. Grande novidade, você vai dizer. Mas acontece que essa palavrinha derivou de poiésis, uma bela palavra grega, que significa criação, fabricação, composição. Isso quer dizer que em sua origem o poeta era todo aquele que criava alguma coisa: o fazedor, o artesão.
Em outras palavras, o marceneiro, o pipoqueiro, o centro-avante, todos eles são poetas do ponto de vista grego. Encarar a poesia dessa forma é bacana pois retira a aura do poeta e nos aproxima do material necessário para toda grande, ou pequena, poesia: as coisas da vida.
É claro que, com o passar do tempo, o significado desse termo se especializou. A poesia, de maneira geral, é considerada pelos seus artífices (olha outra acepção da palavra poesia) como sendo um fenômeno de linguagem. Um trabalho com as palavras. Um arejamento e revitalização da língua.
O grande poeta Manoel de Barros diz belamente que poesia “designa também a armação de objetos lúdicos com emprego de palavras imagens cores sons etc. geralmente feitos por crianças pessoas esquisitas, loucos e bêbados”. Esse velhinho sábio tem bom-humor. Para ele poeta é um “indivíduo que enxerga semente germinar e engole céu. Sujeito inviável: aberto aos desentendimentos como um rosto”.
Hoje em dia, depois de tantos movimentos culturais e literários, parece que poucos prestam atenção para a poesia – e para os poetas. Pois é, poesia – glosando o grande poeta Décio Pignatari – você já não tem valor de mercado. Não serve para nada, viu mãe. É um inutensílio, como dizia o poeta Paulo Leminski.
Será?
Dando nome aos bois: Pode-se conhecer muito da produção literária contemporânea, e de todos os tempos, pela Internet. Como as editoras "preferem" não apostar na poesia, e nossos jornalistas dos cadernos culturais não se arriscam, a Internet tornou-se, talvez, um dos principais meios para a sua circulação. Confira os links abaixo, sem contar as centenas de blogs de bons poetas existentes.
www.arteria8.net/
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/kamiquase/home.htm
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/home.htm
www.bestiario.com.br/maquinadomundo/
www.revista.agulha.nom.br/pessoa.html
www.germinaliteratura.com.br/
www2.uol.com.br/augustodecampos/
www.revistazunai.com.br/
http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/index5.html
http://www.andrevallias.com/
http://antoniocicero.blogspot.com/
http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/
http://www.jaguadarte.blogspot.com/
www.cronopios.com.br
www.cronopios.com.br/mnemozine
[Vídeo: "Hexaedro" de André Vallias e "Números" de Velimir Khlebnikov (traduzido por André Vallias)]