16 fevereiro 2009
Marco Aqueiva à quema-roupa
1) O que é poesia para você?
Para mim, poesia é sempre uma palavra virtual que reinaugura origens e visão, reengendra outros mundos, materializa o possível, como já dizia o sábio estagirita. Na direção do fazer, conhecimento e expressão, gesto, logos e mito, um dinamismo que converte o amorfo em forma, a beira em figura inteira, em que emerge o ignorado outro, nós mesmos com toda sua rutilância de brilhos e fezes. Lótus miraculoso.
2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?
Não desperdiçar seu tempo contemplando sua própria face sem desencantar-se consigo mesmo. É preciso vestir-se com admiração aos e pelos clássicos. Por clássicos entenda-se os que despiram-se à frente do espelho e, com toda a nudez necessária, refizeram com toda obsessão, incorporação e fatalidade sua voz. Rasgar suas vestes iniciais vezes sem conta e no limite do reflexo alheio descobrir-se. É tarefa para muitos anos e voltas, embrulhos e gramáticas, até chegar ao enovelado lado de dentro de sua própria voz.
3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?
Sabe-me a literatura que pratico tão a sebastianismo racionalizante de um Fernando Pessoa dos heterônimos quanto a das Metamorfoses de um Murilo Mendes. Sei-me tanto a Sá-Carneiro de Dispersão quanto a engenheiro João Cabral.
Marco Aqueiva é o nome literário de Marco Antonio Queiroz Silva, vencedor do III Prêmio Literário Livraria Asabeça, na categoria Poesia, com Neste Embrulho de Nós. Atua presentemente no magistério do ensino superior como professor de literatura e coordenador de curso. É editor associado do portal da UBE União Brasileira de Escritores e idealizador/editor do Projeto Valise 2008. http://aqueiva.wordpress.com/ E-mail: marcoaqueiva@yahoo.com.br
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