02 fevereiro 2009

Sebastião Nunes à queima-roupa



1) O que é poesia para você?

É a busca do novo em linguagem (no sentido mais amplo do termo), com o máximo de originalidade possivel, mas sem perder de vista a inteligibilidade, já que existem poetas tão originais que nem eles mesmos compreendem o que poetizaram.

2) O que um iniciante no fazer poético deve perseguir e de que maneira?

A famosa porta da parábola kafkiana, aquela que só existe para uma pessoa, que só será aberta por ela e que será fechada para sempre se essa pessoa não conseguir abri-la. Encontrar a chave é a maneira e a busca.

3) Cite-nos 3 poetas e 3 textos referenciais para seu trabalho poético. Por que destas escolhas?

1) José Paulo Paes, pelo poema "Anatomia da musa". Um poema da maior simplicidade, sem qualquer rebuscamento, que me abriu as portas da percepção poética intersemiótica e me mostrou o que eu buscava há anos sem enxergar.

2) Allen Ginsberg, pelo poema "Howl". Numa época em que o concretismo dominava a poesia brasileira e em que eu mesmo estava fascinado por sua teoria e prática, Ginsberg me mostrou o outro lado da moeda, o lirismo esparramado. Foi desse conflito de duas poéticas radicais que brotou minha própria poesia.

3) Affonso Ávila, pelo seu livro "Cantaria barroca", um dos mais importantes da poesia brasileira do século XX, e pela sua presença crítica constante, que não deixava nossa turma fazer mais besteiras do que seria razoável.



Sebastião Nunes é ex-poeta e tem 70 anos. Sua poesia está reunida nos dois volumes da "Antologia mamaluca e poesia inédita", de 1988 e 1989, que não serão reeditados em livro, mas apenas transportados para a internet talvez ainda neste ano de 2009. É também autor de prosa experimental, com os livros "Somos todos assassinos", História do Brasil", "Decálogo da classe média" (Altana, São Paulo) e "Elogio da punheta & O mistério da pós-doutora" (Lamparina, Rio de Janeiro). Dirige a Editora Dubolsinho, de literatura infanto-juvenil, sendo autor de vários livros na área. Email: dubolso@uai.com.br

3 comentários:

  1. Boa entrevista: curta e objetiva... Tião cita Kafka na sua "Colônia Penal". Em outras palavras, o homem vai fundo... Conhece os meandros e aponta uma luz no fim do túnel: três poetas da pesada... Ah! Estava esquecendo: o novo livro sobre a trajetória do Tião, escrita pelo Fabrício Marques (Editora UFMG, BH, MG, 2008) é biscoito fino... Vale ler com atenção... Abs do Josealoisebahiabhzmg...

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  2. edson:
    ótima entrevista.o tião é fera.
    creio que ele está azul por ranzinzice.
    romério

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  3. Existe ex-poeta?..rsssss...ótima entrevista, blogue maravilhoso!! Abraços!!

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