03 setembro 2007

Sinal verde




tantos anos se arrastaram
já não me lembro de minha infância
será que a tive, ou foi um sonho?

tudo se resume a uma noite
noite de escolha e enfrentamento
ali, me fiz na solidão azul
do nascimento

“se não quer ir ao culto
que fique aí, sozinho!”

fiquei ali, e ainda estou...
em casa escura e sobressaltada
por sombras e faróis relampejando
abandonado de deuses e de afetos

não dormi, como não durmo agora
não fugi, como nem posso embora
ali, a vontade de meu eu se impôs
minha porção de dor se amarelou

permaneci na infinitude do possível
e assim abraço o totem
de vida que sutil me resta

na contingente luz verde que se revela
aceito humilde e resignado
o gentil açoite da morte que me espera.




Ilustração: Majane Silveira

3 comentários:

  1. Edson maravilha o Sambaquis, p�rola fina. Porreta mesmo. Aquele abra�o, Eduardo Calazans.

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  2. olá, Edson!
    dei uma passadinha por aqui, só pra desejar tudo de ótimo pra você!
    e viva Cronópios, Sambaquis, Clube da Esquina.
    com um sol deste tamanho, se por acaso estiver chovendo. ou sim!
    beijos,
    eleuda

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  3. grande edson, quis sambar e vim ao sambaquis.
    voltarei sempre.
    abrações

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