04 setembro 2007

Linguagem



outeiro criado de acúmulos
tegumentos enrijecidos
essências exteriorizadas

depósito antiqüíssimo de
coisas que não deterioram

plástico cheio de esperma
restos que não evaporam
interiores de madrepérola

coisas não transformadas em
objetos de adorno

palavras não específicas
lamelibrânquios lâmina
branca de sentidos

forno onde se calcina
a cal da memória

fábrica de desmundos
mijos de civilizações
sambaquis

tudo que o tempo não
esquece nem se envaidece

kjokkenmodding



Ilustração: Majane Silveira

3 comentários:

  1. Gostei muito deste poema, Edson.
    De fato a linguagem é tudo isso.
    abração!

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  2. ps.
    A Majane é muito boa tbm, não? Deixou a página linda, coerente.
    abs

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  3. grato, Norek.
    realmente, a Majane é demais... estas ilustras ela já havia feito há algum tempo.
    não consegui mais contato. acho q ela mudou de email. se souber dela me dê um toque...
    abraço,

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